O que é a técnica de microfonação Mid-Side?

30 04 2010

A técnica de microfonação Mid-Side é uma técnica de gravação estéreo que permite você gravar dois canais de áudio “em campo” (ou estúdio) e ainda possibilita alguma flexibilidade em em modificar as posições dos microfones (espaçamento) posteriormente, pelo menos de uma forma simulada no estúdio. Imaginando a gravação como uma performance ao vivo no palco tornará a compreensão mais fácil, então coloque-se lá.

No caso de você fazer um mix-down para estéreo em uma situação ao vivo, a técnica Mid-Side lhe dá o comforto de poder mudar a largura do campo estéreo ( do mesmo modo que mudar fisicamente os ângulos na técnica X/Y) remotamente em seu control room. É por este motivo que a técnica Mid-Side é amplamente utilizada em situações de gravação de drama para TV e radiodifusão. A técnica Mid-Side é considerada uma técnica de par coincidente estéreo porque ambos os microfones, para todos os propósitos, estão na mesma localização. Isto significa que a imagem estéreo é criada pela dinâmica ou intensidade de cada som nos canais direito e esquerdo, e não por um atraso de tempo (time-delay).

Montagem

O microfone “Mid” é montado  direcionado sempre para o centro do palco (ou fonte sonora),  pode estar localizado a beira do palco – ou primeira fila – mas sempre exatamente no meio da esquerda para direita que deve estar destinado o O°. Pode ser de qualquer padrão de figura de sua preferência: cardióide, omni ou figura-8. Cada um se comporta diferentemente na decodificação. Na explicação padrão utiliza-se sempre o cardióide, por isso ficaremos com ele. O microfone “Side” deve ser um figura-8 invariavelmente, e deve ser colocado o mais próximo possível do microfone “Mid”. É posssível utilizar microfones de diferentes marcas para o “Mid” e “Side”, que não sejam pares casados da mesma marca fabricados  para esta finalidade. A experimentação é encourajada. A coerência dos microfones é menos importante quando a fonte é pequena e esta bem de fronte ao “Mid”  e o microfone “Side” está  a maior parte do tempo captando reflexões. O dois microfones devem ser bem casados quando a fonte sonora é grande como um piano, por exemplo, onde os dois microfones irão compartilhar as mesmas informações sonoras provenientes da fonte e posteriormente informações de localização na imagem estéreo (pan). Se os microfones não forem bem casados a qualidade sonora pode mudar através da imagem. O microfone “Side” deve ser figura-8 e localizado o mais próximo possível do mesmo ponto no espaço do outro microfone. Em geral eles são posicionados um acima do outro. Mas o microfone “Side”  não aponta para mesma direção que o “Mid”, ele é posicionado a 90° em relação ao centro do eixo. Geralmente é bom seguir sempre a norma de posicionar a frente do figura-8 apontada para esquerda e a traseira para direita, assim o microfone rejeitará o centro do palco.

Como funciona

Grave aqueles dois canais ao vivo e traga-os para casa.

Teoria

Eles parecem ser dois canais mono, e de fato são. A partir do momento que os dois microfones estavam no mesmo lugar do espaço,(teoricamente) todo som chegou ao mesmo tempo em ambos microfones, portanto eles estão com as fases coincidentes. Lembre-se que os microfones figura-8 são positivos na frente e negativos atrás. Isto é, uma onda que empurra a frente cria uma tensão positiva(+) e uma onda que puxa a frente cria uma tensão negativa(-). Mas para sons que chegam de trás, um empurrão se move da mesma maneira que um puxão frontal e então cria uma voltagem negativa e um puxão na parte traseira cria uma voltagem positiva. É aqui que a coisa fica sofisticada.

Vamos dizer que eu pegue o microfone cardióide (Mid) e o some ao figura-8 (Side) –  apenas os enderece para o mesmo canal (bus) da mesa. Bem, se você olhar para o diagrama polar de cada um dos dois padrões e simplesmente adicionar os números que você tem em cada grau do gráfico, algo interessante acontece. (Lembre-se que o figura-8 está apontado a esquerda e é positivo deste lado e negativo na direita) Então, enquanto você soma o “Mid” ao “Side” ao redor do lado esquerdo do gráfico, os sinais somam-se e formam um belo padrão circular. A 0° , o microfone “Mid” está a plena força, porém o “Side” está nulo, a 270° o “Side” está pleno, mas o “Mid” está a -6 dB, em 180°, ambos estão nulos. Mas em torno do lado direito do microfone do ” Side”, o gráfico está incorreto em relação ao normal, portanto, cancela o “Mid”, então você obtem  muito menos sinal  do lado direito. Na verdade, se você desenhar todos os números, terminará com um padrão de microfone hipecardióide direcionado a 63,45° a esquerda do centro. Neste ponto, some os dois microfones e você terá um sinal hipercardióide melhor direcionado do que 45°para a esquerda.Você então pode tomar uma cópia dos dois microfones e repetir o processo, só que desta vez inverta o sinal do microfone “Mid”. Agora a parte traseira do microfone figura-8 está em fase enquanto que a dianteira não, ou então no seu gráfico o lado direito é positivo e o esquerdo negativo. Neste momento, novamente através da matemática você pode criar um padrão hipercardióide  direcionado a 63,45° a esquerda.

Mixando

Neste ponto, você pode possivelmente deve estar se perguntando: ” Por que eu deveria passar por todo esse esforço só para ter um simples par X/Y? ” Quanto você tiver criado este par X/Y, ao aumentar ou diminuir o volume do microfone “Mid” na mixagem, você cria um espaçamento estéreo mais largo ou mais estreito, respectivamente. Começando daquele par hipercardióide de 126,9° de espaçamento, você pode aumentar o microfone “Mid” até chegar numa razão 70:30 entre os dois microfones, o que se aproxima de um par espaçado figura-8 em 155,8°. Sim, é um par X/Y, mas que pode ser reposicionado mais largo ou estreito e em diferentes padrões.

http://www.uaudio.com/webzine/2005/december/text/content4.html

http://emusician.com/mag/emusic_front_center/





Blumlein: inventor do estéreo

29 04 2010

Blumlein nasceu no distrito de Hampstead de Londres em 29 de Junho de 1903.  Seu pai, Joseph Semmy Blumlein, deixou a Alemanha aos 18 anos para tentar a sorte em outro lugar. Sua mãe, nascida Jessie Dower, era de ascendência escocesa. Alan Dower Blumlein era um estudante tão ruim quando  era criança  que  não aprendeu a ler até a idade de treze anos. Após descobrir as maravilhas da eletricidade,  passou a se debruçar sobre  livros de referência estudando sobre temas que lhe interessavam. Blumlein então destacou-se como estudante, em 1923, ele recebe o título de Bacharel em tecnologia elétrica do City College e Guilds, parte do Imperial College. Em 1924, ele começou a trabalhar para a Western Electric International (mais tarde Standard e cabos telefônicos), onde desenvolveu um telefone, equipamentos de medição  e ajudou a estabelecer normas para a telefonia de longa distância.

Blumlein foi um dos inventores mais prolíficos da primeira metade do século XX. Ele obteve 128 patentes em eletrônica e engenharia de áudio, antes de morrer com a idade de trinta e nove anos.  Em 1929 ele era engenheiro da Columbia Graphophone, que em 1931 fundiu-se com a Gramophone Company para se tornar Electrical and Musical Industries (EMI).

Na EMI, Blumlein ajudou a desenvolver muitas das tecnologias  utilizadas para gravar o som, incluindo um importante tipo de microfone de bobina móvel. Em dezembro de 1931, Blumlein patenteou um sistema de gravação notável que ele chamou de “som binaural.” Som binaural  era semelhante ao que poderíamos chamar hoje de estéreo. Ele usou dois microfones, gravou dois sinais distintos, e os  reproduziu em duas caixas separadas. Este sistema foi destinado a reproduzir a nossa maneira  de ouvir , emulando um espaço físico entre as duas caixas.

A EMI não estava muito certa do que fazer com a invenção de Blumlein e colocou-a de lado por alguns anos. No entanto, e em 1931, quando a empresa abriu um novo estúdio em Abbey Road, em Londres, o sistema Blumlein  de gravação elétrica foi instalada.A EMI fez as primeiras gravações estéreo em alguns filmes na década de 1930 e, em seguida, arquivou a tecnologia.

Blumlein passou a meados de 1930 desenvolvendo os circuitos elétricos de um método eletrônico de transmissão de imagem para a televisão.  Em seguida, ele voltou sua atenção para a solidificação dos sistemas de detecção de aeronaves. Blumlein incorporou

o sistema de som binaural nos detectores de som das aeronaves e os resultados eram apresentados visualmente utilizando tubos de raios catódicos. Este sistema poderia oferecer benefícios militares óbvios para uma nação em guerra. Mas a EMI  inicialmente excluiu a investigação do radar britânico porque não via-se  como um produtor de equipamentos de defesa. No entanto, a EMI trouxe Blumlein para pesquisa de radar para ajudar a desenvolver um sistema de intercepção de bordo que pode detectar aviões durante a noite. Ele fazia parte de uma equipe de teste do sistema de H2S, que conseguiu localizar e detectar alvos no ar, independentemente das condições meteorológicas. Tragicamente, Blumlein e muitos dos outros membros da equipe de desenvolvimento científico foram mortos em um acidente aéreo em 1942 que destruiu também o protótipo de um sistema de H2S. Sua morte foi chamada pelas autoridades de catástrofe, visto sua importância no desenvolvimento militar- técnológico. O sistema de detecção foi concluído depois da guerra por uma nova equipa de investigação.

Quando o interesse em som estéreo reapareceu  nos anos 50, o trabalho Blumlein foi lembrado. Por volta de 1957, tanto a RCA  quanto a EMI estavam perto de oferecer um novo sistema de som  baseado nos long-plays existentes (LP), que haviam sido introduzidos em 1949. As duas empresas se uniram e compartilharam informações para que seus produtos fossem compatíveis. No ano seguinte, em 1958, os registros de som estéreo apareceram comercialmente pela primeira vez.

http://www.ieeeghn.org/wiki/index.php/Alan_Dower_Blumlein

http://en.wikipedia.org/wiki/Alan_Blumlein





A última obra de Ernst Krenek: O Quarteto de Cordas n.8, Op. 233 (1981)

28 04 2010

Encomendado pelo National Endowment for the Arts para o Quarteto de Cordas Thouvenel,  o quarteto  n.8  é a última obra de  Krenek. O trabalho é uma espécie de resumo da carreira do compositor, aproveitando todos os seus quartetos de cordas anteriores no decurso do seu movimento único de 23 minutos. O estilo tardio de composição de Krenek se reflete aqui no uso eclético da técnica dodecafônica e serial  combinadas com elementos mais livres. A peça é dividida em dez seções, a primeira e a última são retrógradas uma da outra. Comentário do próprio compositor:

”  A obra (com duração total de cerca de vinte e seis minutos) é tocada do começo ao fim  sem interrupção. Cerca de dez ou mais seções podem ser distinguidas de alguma forma. A primeira consiste (21 primeiros compassos) de uma série de doze sons que é imitada em sua inversão. A série tem algo do caráter de um tema, mas não é tratado como tal, e as alusões a ele nunca são mais que esporádicas. O caráter movimentado predomina nas seções 2, 4, 6 e 9, e a última delas é um pouco turbulenta e caótica. Em geral, as seções 3 (esta contendo imitação canônica), 7 e 8 são lentos. As demais unidades têm um certo caráter transitório e demonstram uma espécie de movimento controlado com tempos regulares, grupos de som com  mudanças de acento são tocadas simultaneamente, elementos isolados e fragmentados fazem sua aparição. O ponto 10 é uma seção em forma retrógrada. A linguagem musical da obra pode ser descrita como atonalidade livre que,  por vezes toma a forma de figuras de doze sons. A composição do trabalho foi patrocinada por uma concessão do National Endowment for the Arts (E.U.A.).”

http://www.krenek.com/

Ouça:

Quarteto de Cordas n.8 executado pelo Thouvenel String Quartet

O Thouvenel String Quartet (Texas) é conhecido por suas estréias de obras de compositores,  incluindo Milton Babbitt, Elliott Carter, Mel Powell, e Ernst Krenek (com quem trabalharam em todos os seus oito quartetos). O quarteto excursionou pela Europa, China e Tibet,  ganhou o primeiro prêmio no Vienna International Chamber Music Competition e se apresentou  no NBC “Today Show”. Realizaram oficinas de música de câmara em diversas escolas e universidades, incluindo o San Francisco Conservatory of Music, San Diego State University e New Mexico State University.





CD de André Balboni já está a venda!

21 04 2010

O CD do primeiro artista a gravar aqui no estúdio já está a venda. Acesse: http:/www.myspace.com/andrebalboni/.

Nascido em São Paulo, Brasil, em 10 de setembro de 1982. André Vasconcelos Balboni é músico e terapeuta, graduado em Musicoterapia pela FPA em São Paulo. Além de compositor de jazz e música erudita, estuda e pesquisa sobre a transdisciplinaridade no campo da saúde humana (http://andrebalboni.blogspot.com). Atualmente, André vive em Paris e acaba de terminar seu primeiro trabalho solo, que busca tecer o que há entre o erudito e o popular. Esse trabalho é acima de tudo, uma forma de agradecer aos compositores que fazem parte de sua vida musical.





Raphael Arcanjo: Lançamento do CD Universália in Rebus

21 04 2010


O terceiro CD gravado aqui no estúdio está para ser lançado na próxima semana, o músico em questão é Raphael Arcanjo, pseudônimo de Raphael Vasconcelos Balboni, nascido em São Paulo no dia 02/11/1984, cresceu na cidade de São Miguel Arcanjo – SP. É musico de formação antroposófica (Antropomúsica – Agricultura Biodinâmica), sintetizou  essas áreas do conhecimento  e suas vivências na terra em sua música popular simples e poesia. Confira:

http://www.myspace.com/universaliainrebus





Nas origens do Circuit Bending

21 04 2010

Você sabe o que é Circuit Bending? È uma prática que consiste basicamente na modificação de dispositivos eletrônicos (tais como brinquedos usados ou outros aparelhos) visando à criação de instrumentos musicais. O nome circuit bending tornou-se comum a partir dos experimentos de Reed Ghazala, que na década de 1960, passou a buscar novos efeitos sonoros através da adaptação de mecanismos elétricos para recriar um sintetizador. Anteriormente, Serge Tcherepnin, designer do Serge Modular Synthesizers, discutia a possibilidade já em 1950 , com seus experimentos sonoros que utilizavam transistores de rádio. Porém, alguns pesquisadores apontam a real origem da técnica em 1897, com os trabalhos do inventor americano Thaddeus Cahill, que criou o instrumento eletro-mecânico denominado Teleharmonium, um super sintetizador que se assemelhava a um órgão gigante e gerava sons através de sinais elétricos. Desde então são inúmeros os seguidores que acabaram por tornar essa técnica de improvisação com circuítos eletrônicos em arte. No Brasil, o circuit bending pode ser representado pelo artista Cristiano Rosa e seu projeto individual chamado Panetone. O artista utiliza circuitos eletrônicos construídos ou modificados, criando dispositivos com um mínimo de teoria e muita filosofia faça-você-mesmo. Em 2009, foi indicado ao lado de Michelle Agnes, ao 8º Prêmio Sergio Motta, na categoria início de carreira. Acesse o canal do artista no Youtube e veja como se faz arte com a técnica Circuit Bending.

Fonte:

http://blog.premiosergiomotta.org.br/2010/03/26/nas-origens-do-circuit-bending/

Confira:

http://panetoneprojects.blogspot.com/





Arduino: Plataforma open-source

21 04 2010

O Arduino é uma plataforma de prototipagem eletrônica open-source que se baseia em hardware e software flexíveis e fáceis de usar. É destinado a artistas, designers, hobbistas e qualquer pessoa interessada em criar objetos ou ambientes interativos.

O Arduino pode sentir o estado do ambiente que o cerca por meio da recepção de sinais de sensores e pode interagir com os seus arredores, controlando luzes, motores e outros atuadores. O microcontrolador na placa é programado com a linguagem de programação Arduino, baseada na linguagem Wiring, e o ambiente de desenvolvimento Arduino, baseado no ambiente Processing. Os projetos desenvolvidos com o Arduino podem ser autônomos ou podem comunicar-se com um computador para a realização da tarefa, com uso de software específico (ex: Flash, Processing, MaxMSP).

As placas podem ser construídas de forma caseira (manualmente) ou adquiridas já montadas e o software pode ser baixado gratuitamente. O projeto do hardware (arquivos de CAD) está disponível sob licença open-source e você é livre para adaptá-lo para as suas necessidades.

O Arduino recebeu uma menção honrosa na categoria Comunidades Digitais do prêmio Ars Electronica Prix do ano de 2006.

A equipe de concepção do Arduino é formada por: Massimo Banzi, David Cuartielles, Tom Igoe, Gianluca Martino e David Mellis.

http://www.arduino.cc/